Nossa saúde agradece

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Kit YTOX é uma alternativa mais rápida e com custo-benefício bastante acessível em avaliação de amostras de água e resíduos (Crédito: Gerhard Waller)
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As alterações do cenário hídrico mundial provocam reflexões sobre o uso da água, elemento indispensável a nossa existência.  Além de suprir a sede do planeta, revitalizar a natureza, gerar energia e atender demandas econômicas diversas, a água enfrenta um constante problema, a contaminação. Todo o lixo gerado e acumulado por pessoas e indústrias, muitas vezes, é depositado em áreas próximas dos leitos dos rios e reservatórios, ou seja, a própria ação humana é responsável por danificar uma de suas principais fontes de sobrevivência. No entanto, parte da comunidade científica se preocupa com esse estado de contaminação e busca métodos de avaliar sua toxicidade, com a finalidade de proteger a saúde humana e o meio ambiente. Esse é o caso da equipe do Laboratório de Química Ambiental do Departamento de Ciências Exatas da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) que, há três anos, desenvolve testes inovadores no método de avaliar a toxicidade em água e resíduos.

A equipe se empenhou em encontrar uma forma de aperfeiçoar os testes, tornando-o mais acessível, tendo em conta que, até então, era necessário à utilização do Microtox, equipamento de alto valor, além de um kit de bactérias luminescentes. “Nós criamos um novo método, acompanhado de um kit que nomeamos de YTOX, no qual é possível diagnosticar rapidamente a presença de elementos tóxicos. O segredo foi utilizar levedura de panificação para nos ajudar a identificar as substancias”, contou Luiz Humberto Gomes, biólogo e especialista do laboratório. Enquanto pelo método Microtox se gasta 250 reais por amostra, com o YTOX é necessário apenas 10 reais.

O método tem como base a rapidez do mecanismo de defesa das leveduras diante da exposição a qualquer agente tóxico, reduzindo a produção das desidrogenases (enzimas). “Toda essa detecção é realizada com a levedura e também a partir do reagente Cloreto de Trifenil Tetrazólio (TTC), que na presença das desidrogenases altera a coloração, passado do incolor ao vermelho”, contou o docente Marcos Yassuo Kamogawa, também parte da equipe.

No kit YTOX, o indicativo é a levedura, que em contato com a água, começa a crescer, até entrar em contato com um agente tóxico. Nesse caso, ocorrem modificações em seu metabolismo e a produção de desidrogenase é reduzida. De acordo com a equipe, é nesse momento que se aplica o TTC, que na presença da enzima apresenta uma coloração vermelha. “Quanto mais forte a cor, significa que a toxicidade é baixa ou nula”, explicam.

“Na presença de agentes tóxicos o metabolismo da levedura é afetado e ocorre à diminuição da desidrogenase”. “Consequentemente redução na conversão de TTC a Formazam (quando o composto altera a cor), resultando em uma solução sem coloração, ou vermelha menos intensa, dependendo da toxicidade”, comentou Gomes.

De acordo com o professor Kamogawa, a levedura utilizada nos testes, conhecida como Saccharomyces cerevisiae, que é a mesma utilizada na produção de etanol, pães e bebidas em geral, é um microorganismo eucarioto, ou seja, sua organização celular e o metabolismo apresentam muitas semelhanças com os seres humanos, sendo por isso um excelente “biotestador”, de modo que os resultados podem ser avançados para os seres humanos e beneficiar cada vez mais a sociedade. Em um futuro próximo, o YTOX poderá ser um grande aliado das indústria farmacêutica, cosmética e, principalmente, alimentícia.

Texto: Ana Carolina Brunelli
Revisão: Caio Albuquerque (25/04/2016) 

Palavra chave: 
YTOX toxidade água